Há duas coisas nesta vida,
naturalmente entre muitas outras, que me foram incutidas desde criança e que ao
longo destes anos aprendi a compreender, respeitar e a tentar, por todas as
formas, não deixar de praticar. São elas a liberdade e a noção de crítica
construtiva. Sobre a primeira não perorarei, porque para além do óbvio que dos
seus signficado e significante emanam, dezenas de linhas poderiam ser escritas
e, no fundo, não há ninguém que, pelo menos, não julgue ser um acérrimo
defensor da dita. Já sobre a segunda importa reflectir um pouco, sobretudo
quando tantos são os que a torpedeiam e não menos aqueles que, tendo
responsabilidades acrescidas na res
publica, persistem em despudorada e maquiavelicamente ignorá-la, numa
subjugação ao mais básico sectarismo, ou à mais pérfida frustração.
Vem isto a propósito do artigo de
opinião que assina o deputado da Nação Dr. Emídio Guerreiro, intitulado “Os “donos”
da Capital Europeia da Cultura”. Para além da demagogia e do populismo que
infelizmente enfermam as linhas que foram escritas e que, julgava eu, eram
atributos mais caros lá para os lados do Largo do Caldas, o artigo de opinião
em causa é vazio de conteúdo e induz o leitor a dar como certa a existência de
despesismo e de inutilidade nas relevantíssimas remodelações urbanísticas
levadas a cabo na “Rua de Santo António, Toural e Alameda”. Sobre isto, a única
coisa que se realça é a coerência com o discurso miserabilista que o Governo
PSD – PP tem adoptado desde que tomou posse, iniciado com a ridícula divulgação
da viagem do Primeiro Ministro em classe turística.
Mas ainda há pior: o artigo não
visa esclarecer o leitor, porque o autor (por desconhecimento ou omissão) não
indica quantos foram, de facto, “os milhões gastos”, nem sequer qual a parte
desses “milhões” que saiu dos cofres da Câmara Municipal de Guimarães. O autor
entretém-se a polvilhar abundantemente o papel de jornal com crítica
destrutiva, bem diferente de uma crítica que poderia e deveria, sobretudo em
Liberdade, ser construtiva. Não aponta metas, alternativas, não assume sequer
se concorda que deveria haver Capital Europeia da Cultura em 2012, ou não. O
Dr. Emídio Guerreiro, ainda que subliminarmente, faz também uma revelação – a de
que a intervenção do seu correligionário de partido Dr. André Coelho Lima, na
última reunião do executivo municipal, terá sido por ele recomendada. Pois, a
Liberdade é muito bonita e todos a apregoam, tão bonita que até permite
escrever algumas palavras com aspas.
Concordo em absoluto com o Dr.
Emídio Guerreiro: Liberdade de expressão, liberdade de pensamento e liberdade
de opinião são coisas que não me tiram!
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