terça-feira, 18 de março de 2008

A montanha pariu um rato...


O Nobel Sistema de Avaliação dos Professores sofre, todos sabemos, de grande contestação corporativista, num clima de folclore sindical rapidamente aproveitado pelos populismo, demagogia e irresponsabilidade da totalidade dos partidos da oposição, encimados - numa imagem que se revelará fatal para o PSD - por um cenário em que Luís Filipe Menezes aparece “colado” (pasme-se) à FENPROF e ao “sinistro” Mário Nogueira.

Antes de tentar explicar as razões que me levam a defender esta Ministra da Educação, as suas coragem e determinação políticas, há um argumento que, pela sua relevância, mas ausência em toda a discussão, merece ser dirimido. Por que razão não foi questionado o facto de se partir para a implementação de um novo método de avaliação, sem que o vigente sistema de avaliação fosse, ele próprio, avaliado? Por que razão não começou exactamente por aqui a contestação dos professores? Porque existia há muito tempo um consenso generalizado na comunidade educativa de que o anterior modelo de avaliação não cumpria os seus objectivos. Isto é, apesar das suas virtudes, que a actual proposta soube recuperar e valorizar (ex.º: o caso da autoavaliação) não se procedia nem procede eficazmente à distinção do mérito nem ao reconhecimento do bom desempenho.

De facto, o anterior processo de avaliação era constituído por um relatório de auto-avaliação e reflexão crítica entregue pelos professores aos órgãos de gestão da escola quando estavam em condições de progredir na carreira, processo esse em que a quase totalidade dos professores era classificada com Satisfaz. Todavia, essa classificação não tinha nenhum efeito uma vez que todos os professores progrediam na carreira, mesmo os que não faziam estes relatórios ou até os que não davam aulas.

Agora imagine-se alguns professores que todos nós, cidadãos anónimos, bem conhecemos: maus professores (como felizmente os existem bons) habituados a não ter de prestar um bom serviço educativo, nem sequer por vezes a prestar algum serviço, porque não eram efectivamente avaliados. Continuemos a imaginar esses mesmos professores agora, sabendo que terão uma verdadeira avaliação, e que dessa avaliação dependerá a progressão na carreira e a respectiva correspondência salarial: Palavras para quê?

Que se suspenda a avaliação, gritaram alguns, seguindo o devaneio dos sindicatos e de partidos como o PP (que promete fazer mas nunca o fez), com a esperança de que, para o ano, com eleições à porta, o governo deixe de governar, se retraia e alimente os interesses, não dos professores, não dos alunos, não de Portugal, mas dos sindicatos, que só quase sobrevivem…

Mas aqui é que está: há muitos bons professores que não receiam este Sistema de Avaliação e que estão com a Ministra. Não há pai nenhum neste país que queira que os professores não sejam avaliados. Não há nenhum sistema bom ou com esperança de melhorar sem que se sujeite ao escrutínio, à avaliação. As escolas já são avaliadas, os alunos já são avaliados, os auxiliares de acção educativa já são avaliados. Por que razão não querem os professores (alguns) esta avaliação? Mais importante ainda: Que avaliação diferente desta querem aqueles que negam tão peremptoriamente a que foi proposta pelo Ministério da Educação? Nada, nem um sinal, nem uma proposta alternativa…na melhor das hipóteses, chumbo pelo evidente vazio de ideias; na pior das hipóteses… falta de interesse em ser avaliado (evidentemente).

P.S.: É só aceder ao sítio da Fenprof (
www.fenprof.pt) e constatar a velha habilidade de traduzir derrotas em vitórias: em “Escolas defendem suspensão da Avaliação do Desempenho”. Quando a Fenprof diz que são “muitas” refere-se exactamente a…22 escolas do país.

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